Auto-retato, alto-falantes.

A lagrima secou com o vento. Um vento bateu e a levou para longe. Longe do rosto e do gosto, longe da casinha branca e da fazendinha de contas. Fazendo de conta que nunca existiu por aqui e seu nome nem se toca. Shuuuu, silêncio, viu?!


Passear e ver as coroas no chão. Coroas verdes apontadas, olhando para o céu. Só terra coberta, pernas velhas e cabelos brancos ao redor dos abacaxis. Ninguém se espeta ou colhe o que está no chão. Deixe isso para os especialistas. Não temos roupa para isso.



Qualificações prévias

- Atos heróicos: Nada de Hercules, Romeu ou Perseu – Você não é imortal, mesmo que seja só no papel.
- Coragem.
- Saiba Chorar. (ahn?!) Sim, você leu bem.
- Usar armas para se defender, de preferência espada ou arco e flecha. Nada de armas de fogo. Ser utópico é a moda do momento.
- Salvamento de princesas e donzelas em perigo.
- Perspicácia e inteligência. Pois é, a sala de atributos físicos e afins fica no final do corredor, sala 15. Lá esse atributo não é exigência prévia.
- Educação nunca é pedir de mais, não é mesmo?!

OBS: Beleza não é requisito exigido, mas aqueles que apresentam tal atributo não se envergonhem e entrem na lista, não há nenhum problema nisso.

Ficha para o emprego de heróis?! Por favor, coloque-as aqui na minha mesa. E, ah! Quando sair, chame o próximo. Obrigado. Alô...?!


7:00 AM . Sonho estranho. Uma perseguição... alguém meio assim-assim parecida comigo. Vivo num filme, ou seria um diário? Saio de casa e alguém me espera encostado a arvore. Está a espreita. Ando e olho pra trás. Nada. Mais um pouco, viro e pego alguém disfarçando com os camelôs na esquina. Chego pelas ruelas à praia. Alguém me pára. Ela me olha ao longe. O mesmo vestido verde, a mesma fita verde no cabelo. Os meus olhos a mesma expressão de perda. Penso mil coisas e lá longe aquela também sou eu. Insanidade de um minuto eterno. Ela percebe minhas reações como se me conhecesse desde sempre. Corre em mim direção. Sem saber corro em direção as pedras. O que ela quer? Não recordo do momento, somente fotos e livros da minha cabeceira. Não tenho pra onde correr, só o mar. Ela pára e fala não há mais lugar aqui para você, deixe tudo assim, ninguém vai perceber, somos todas você. Do que você ta falando, pergunto. Do sonho, do destino do mundo. Suas mãos me jogaram no ar...queda, queda queda...
7:00 AM. Sonho estranho. Uma perseguição...


* Referencia ao conto “Fita verde no cabelo”, de Guimarães Rosa.

Menina de pano testando testando, 1, 2...alô?!

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