Alucinação


Hoje vi uma mãe solteira desempregada chorando abraçada ao seu bebê tentando decidir se cuidava dele ou se aceitava um emprego de muitas horas com um salário miserável. Semanas atrás ouvi um relato de um pai solteiro com cinco filhos pequenos que pensou em matar as crianças para que elas não passassem fome. Ele perdeu o emprego, possui baixa escolaridade e não conseguia cuidar delas pois precisava sair para procurar trabalho, deixando-as sob a tutela de uma casa de acolhimento religiosa. No mesmo dia presenciei uma senhora contar que nunca conheceu o neto porque o filho e a esposa, depois de se tornarem bem sucedidos, passaram a renegar sua pele negra. Contou que sua empregadora odeia negros e que, por causa da crise, diminuiu seu salário e só manteve seu emprego pois "era de confiança". Disse que é constantemente confundida como a "amante" ou a "caça fortuna" do marido, um homem branco de descendência italiana. Ele que voltou a trabalhar na lavoura porque era o único emprego que "restava". Na semana passada um amigo contou emocionado e amargurado, como em menos de dois anos o ciclo de transformações geradas por políticas públicas básicas (saúde, educação) e infra estruturais (água, luz, esgoto) vividas pelo estado da Paraíba na última década foram interrompidos ou enxugados. Disse que isso acarretou o retorno de antigos problemas, pois ele voltou a ver carcaças de gado e animais mortos por fome/seca. Mencionou triste e indignado que há quase duas décadas não via pessoas comendo Palma (cacto comestível) para matar a fome, e que o número de indivíduos nessas condições é cada vez maior.
Meu partido é um coração partido.

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