Nuestro Silencio
Todas as vezes que fui a Argentina, separei algumas horas para assistir a una película. Dessa vez pude assistir La Cordillera (2017), com Ricardo Darin. Ao sair de cinema, passei a pensar que talvez um (sub) movimento cinematográfico de países em desenvolvimento esteja em curso a pelo menos 5 anos. Isso porque muitos filmes produzidos possuem em comum a mesma abordagem narrativa: Contam uma história aparentemente banal que na realidade serve para refletir sobre problemas estruturais do próprio país. Vejo isso em: A que horas ela volta (BRA, 2015); O som ao redor (BRA, 2012); Aquarius (BRA, 2016); Leviatã (RUS, 2014); La Cordillera (ARG, 2017); Timbuktu (Mauritânia, 2014); Taxi Teerã (IRA, 2015); O ato de matar (Indonésia, 2012), etc. Esse último, um documentário paradigmal, em que assassinos e torturadores representam teatralmente o genocídio praticado por eles (sem saber que estavam sendo alvo de críticas). Em alguma medida esse documentário talvez tenha servido de inspiração para alguns dos filmes desse "movimento".
Ainda que na minha concepção o Cinema mainstream esteja timidamente reavaliando o seu papel de "arte como metodologia de reflexão e questionamento" (Darren Aronofsky, Alfonso Cuarón, Denis Villeneuve parecem encabeçar essa nova fase) - essa onda 3o mundista possui um diferencial: todos (ou pelo menos a maioria) usam o cotidiano como linguagem.
Em La Cordillera, Darín interpreta um presidente recém eleito que precisa lidar com problemas familiares, enquanto atende a uma cúpula latino-americana para assuntos estratégicos. O mote é simples, a mensagem extremamente complexa: o problema que o argentinos possuem em lidar com o silêncio (principalmente em função de um terrível Ditadura Militar). O silêncio da própria pátria diante de seus problemas. O azul do céu em contraste com o branco da neve Andina serve como referência a bandeira argentina, cercada por cordilheiras (problemas) aparentemente intransponíveis. Propositalmente isolado, como que separado para um exame, Darín mostra o caráter dúbio que a pátria causa em seus compatriotas (filhos), entre a dúvida, o respeito e o medo. No final, apesar dos problemas, todos seguem calados, sem direito a memória, direcionados e estagnados em negociatas convenientes ao silêncio daqueles que não possuem voz suficiente para gritar (se rebelar).
Isso te lembra algo? Poderia ser o Brasil, pero es uno de nuestros hermanos.
Ainda que na minha concepção o Cinema mainstream esteja timidamente reavaliando o seu papel de "arte como metodologia de reflexão e questionamento" (Darren Aronofsky, Alfonso Cuarón, Denis Villeneuve parecem encabeçar essa nova fase) - essa onda 3o mundista possui um diferencial: todos (ou pelo menos a maioria) usam o cotidiano como linguagem.
Em La Cordillera, Darín interpreta um presidente recém eleito que precisa lidar com problemas familiares, enquanto atende a uma cúpula latino-americana para assuntos estratégicos. O mote é simples, a mensagem extremamente complexa: o problema que o argentinos possuem em lidar com o silêncio (principalmente em função de um terrível Ditadura Militar). O silêncio da própria pátria diante de seus problemas. O azul do céu em contraste com o branco da neve Andina serve como referência a bandeira argentina, cercada por cordilheiras (problemas) aparentemente intransponíveis. Propositalmente isolado, como que separado para um exame, Darín mostra o caráter dúbio que a pátria causa em seus compatriotas (filhos), entre a dúvida, o respeito e o medo. No final, apesar dos problemas, todos seguem calados, sem direito a memória, direcionados e estagnados em negociatas convenientes ao silêncio daqueles que não possuem voz suficiente para gritar (se rebelar).
Isso te lembra algo? Poderia ser o Brasil, pero es uno de nuestros hermanos.
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