Letreiro

Opa, mais uma vez na janela. Cada vez que eu olho nela estranhamente me importo, isso de teletransportar diretamente para cada pessoa que passa pela rua. Não importa o que estão fazendo. Se abrem de repente o guarda chuva, se param para os carros passarem. Isso me tira o habito de estar em casa sempre que posso. Sempre que estou aqui, com os olhos voltados para dentro o que está de fora me escapa. Quando posso me deixo visitar um pouquinho...E lá fora o futuro e o estar das coisas perfeitas se torna continuo... me leva pra passear e me dá as mãos...me trás tudo aquilo que eu até imaginaria ser bom e perfeito. Eu gosto de estar do lado do perfeito, ele não é de todo certo. Ele é o certo que só eu vejo. E daí se eu num posso ficar abrindo as paginas dos livros sempre que dá?! E daí se as imagens me levam e as vezes não consigo voltar pra casa? Por que essa inconstância do estar não estar aqui me deixa quase sempre cansada. Paro e respiro devagar cuidando pra ficar bem sentadinha e não voltar pra janela. Meus olhos não podem mais. Eles querem ver coisa diferente. Das jóias da velhice a mocidade perdida para as palavras.Por isso preciso fazer mais por estar aqui olhando para dentro. O momento lá fora eu deixei um pouquinho de lado... Por isso eu tento. Quero desenhar um peixe de cor amarela e não posso. Sou péssima desenhista. Minhas bonecas são bem infantis. Delas as pessoas achavam graça. Não sei ensaiar a certeza de ninguém. É por isso que o meu perfeito não me escapa. É por isso que a minha incerteza é etérea, e tudo mais permanece quieto, como quando estou sozinha em casa. Por isso meus desenhos não ficam bons. E essas pequenas coisas vão pra o meu deposito de boas idéias, junto aos grandes passeios pela rua. Tudo é questão de delimitar espaços. Uma hora aqui outra acolá. O dentro agora está em planejamento, o fora em vias de andanças. Quero gostar do perfeito das minhas coisas erradas com o olhar atento, seja ele onde for parar. Como quando estou na rua e vejo o futuro calada e não conto pra ninguém, porque aliás, não consigo ver ninguém. E disso já dou me por satisfeita. Consigo descobrir em alguns momentos o perfeito do mundo. Consigo instantaneamente voltar pra casa, e tentar deixar os meus perfeitos em ordem certa.

Menina de pano na contra mão das mulheres perfeitas

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