Dignidadeless

Tomo a liberdade de pegar emprestado o termo criado por Débora Zanini (Ogrupo de Dança) para refletir sobre as expressões tragicômicas da vida social. Prestem atenção. Pego apenas o termo emprestado. A conceituação deste pode variar de pessoa para pessoa. Sendo assim, em meus termos, vamos ao conceito da palavra dignidadeless.

Dignidadeless: Expressão vergonhosa de conduta; Falha momentânea de caráter; Lapso de senso moral, ético, estético e social em ambientes onde a moralidade é meio recorrente. Ato ou ação do qual o individuo, após executá-lo (e que se dá conta), sente vergonha de si.

Prontinho. Ah! A dignidadeless está inscrita no conceito de Vergonha Alheia. Mas o contrário não procede. Se assim fosse, a dignidadeless não existiria, até porque para tê-la é necessário não possuir vergonha para praticar o ato. E principalmente desejar que alheios olhem, percebam – e sintam vergonha por você.

Sou sincera em admitir que após descobrir a dignidadeless, minha vida mudou. Na realidade, me dei conta da profundidade e extensão do conceito faz pouco tempo. Logo após conversar longamente com um amigo sobre o tema (e o quanto já internalizava suas expressões, sem uma palavra específica para definir o sentimento). A expressão é válida, justamente por que o sufixo “less” em inglês é indicativo de “menos”, sem necessariamente embutir juízo de valor – negativo, no caso – nas palavras. A tradução literal em português “sem dignidade” é falha, pois a dignidade não escapa, não existe. Ela existe. Apenas não é expressa em seu potencial máximo. Há uma falha, uma perda – dignidadeless.

Interessante que após incorporar a palavra ao meu vocábulo, suas expressões pareceram brotar de todos os cantos. Dos lugares e das pessoas menos esperadas. E é engraçado, pois olhando para o comportamento alheio você acaba se vigiando (mas não se restringindo) e refletindo sobre o que faz, o que fez e sobre as pessoas ao seu redor. E essa é a parte bonitinha, a prevenção, o cuidado, a reflexão. Exite a parte feia, a consequencia material da dignidadeless, que aparece tanto no praticante do ato quanto no espectador. Não vou mencionar os efeitos no praticante, esses tendem ao infinto (desde o total arrpendimento com Jesus a continuação da pratica dignidadeless, sem qualquer noção do seu estado nonsense). Mas vejamos no caso do receptor. Suponhamos o seguinte fato:
- De repente, surge um individuo dignidaless na sua frente. E ele faz uma baita cagada. Surpresa, nojo, asco, susto, incredulidade são as reações iniciais mais comuns (há reações adversas, inclusive vômitos - casos raros). Mas, depois de passada a surpresa... o que resta, após um acontecimento dignidadeless são as constatações:

1 – Gente, pára agora! Essas pessoas são malucas?

2 – O quê que o individuo estava pensando quando fez  isso? Aliás, o que ele não estava pensando, pois parece que a mente abre um vácuo de ideias. Que são preenchidas por... sei lá. Não lembro. Não sei. Nessas horas é cada um no seu quadrado.

3 – Há, eu também já fui dignidadeless. E serei um dia, porque não? Ahm... Espero que não.

4- O senso do ridículo é altamente variável. Mas certas coisas não mudam.

5 – Nossa... olha a merda.

Reflitam sobre isso. Você já praticou a sua dignidadeless hoje? Não? Cuidado, ela péga.


Menina de Pano é digna, mas nem tanto.

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