Era um dia de flores brancas, e a dedicação era o soluço recatado de alguém. Eu não queria ver, pensei até que fosse cena de filme, mas alguém me disse pra eu esperar, pra eu não ir ainda. Eu não fui. Fui com ele andar e ver o dia quente. Ele estava do meu lado...e eu queria andar devagar...Ele falou posso contar um história?! Claro, respondi. Era um anjo que foi perdendo as asas aos poucos para não sentir dor e não mostrar sua dor e ferir ninguém com intensidade...Tenha sempre isso em mente, e eu disse Sim, e chorei em baixo de uma arvore, olhando as estatuas brancas com ele ao meu lado...não conseguia dizer mais nada, ele sabia do meu silencio, entendia minha sina. Eu olhei pro lado ainda chorando e abracei ele com força...Obrigado, eu sussurrei, e ficamos mais um tempo ali, eu em meu silencio vazio e olhar perdido pelos campos. Se pensei não lembro, o coração estava branco e minhas lagrimas contavam pra ele, em cascata, o que a boca deixava a desejar. Eu falei, Vamos continuar?! Ele disse Sim, vamos. Caminhamos devagar, meu coração deixando rastros pelo chão de pedras, e as flores que nos rodeavam acompanhavam nossos passos construindo o caminho. Fomos ao monumento e ele falou dos personagens que adornavam a nossa vista, eu andei ao redor do monumento, e como sempre falei uma amenidade que ele acatou por relevância. Meu coração olhou pra ele naquele momento e viu que as palavras que dele emanavam me davam as mãos para eu não cair. Elas me abraçavam e me guiavam para onde eu deveria voltar. Preciso voltar, eu disse. Sim, sem olhar nos meus olhos ele compreendeu. Ele me deu forças e agora me deixaria andar sozinha. Vamos?! Vamos. Andar mais uma vez, mesmo que eu não soubesse que voltar era a parte mais difícil. Cada passo escoava de mim, me presenteando com novos pés e sapatos. Ele falou de um filme interessante, eu falei de um filme que me fez chorar. Ele riu satisfeito pelas emoções em minha pele. Por quê? perguntou intrigado. Porque eu era o personagem que disse "eu amo em você tudo o que dói". Você se encontrou na dor de alguém...ou será que encontrou redenção nas palavras de outro? Sorrindo sem lagrimas eu disse Os dois... Tímido ele disse, Que bom, acho melhor você ir...Sim, estou apenas preparada. Enfim fui cumpri o que eu mais temia até aquele momento, encarando o que escorre das mãos do mundo. E era sereno com cheirinho de tranquilidade. E tudo fluiu das minhas correntes em águas que não se misturam ao mar. Tudo indivisível, e puramente claro, de lado e opaco de outro. Eu li o livro que era importante naquele momento, num capitulo que unia minhas lagrimas as letras reverberantes na minha garganta. Ele me olhava, cúmplice, ao longe. Beijei o livro e disse Eu amo você, foi um prazer e com incrível facilidade, naquele minuto infinito eu sorri chorando, e na calma roubada dos outros presentes, eu sai e voltei com facilidade, com uma linda flor na mão.

Juliana Magalhães como Menina de Pano

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