Deseo
Quantas vezes ao dia você deseja algo? O que seja. Emprego, negócios, vida social, valoração material, vicio espiritual, medida de equilíbrio, segurança, maldade, sucesso, vitória. Acordar todos os dias é desejar. E é claro que todos nós temos um cronograma pré-concebido para os desejos de amanhã. Isso não é ruim, ao contrário. O desejo é capaz de impulsionar (e impulsionou) a indústria, os impérios, a vida. Peguemos um exemplo maximizado de desejo, a titulo de explicação, para ajudar no entendimento. Deus. Cogitando a possibilidade que alguém pense em Deus como o principio de inteligência universal, foi a partir de seu desejo que a matéria e os meios inteligentes de vida impulsionaram as expressões galáticas de ação. Bem, só há um problema. Como não sabemos exatamente a amplitude dos efeitos materiais e espirituais gerados por Deus, e o quão ele É, tiremos da descrição acima a palavra Desejo e subsistuamos por Vontade. Porque? Porque Deus não é humano, logo não possui características tais. E a palavra desejo é perceptivelmente imbuída de intenções especificamente humanas, materiais, muitas vezes com interesses egoístas e libidionisidade. Logo, Deus tem vontades - supremo imperativo racional de sabedoria. Homens possuem desejos e vontades, em sua posição de agentes transformadores da vida no globo – incidindo a partir da matéria para os demais seguimentos.
O desejo é possível ser egoísta, a vontade altruísta. Sim, obviamente somos altruístas – talvez menos do que deveríamos (ao soar do alarme “culpa”, “[des]confiança” em nossas percepções de Certo e Errado – e dos quais pouco ouvimos).
Enfim. Vocês entenderam a ideia. Somos capazes de intensas mudanças, mesmo que em reduzido meio de aplicação. Começando de mudanças milimétricas em nossos entendimentos pessoais gerando cadeias de novos sentidos, proposições de posicionamento social. É da mudança interna, pela vontade de querer algo diferente da proposição anterior que avançamos em direção as mudanças exteriores. Isso acontece a longo prazo, pois os efeitos da mudança precisam instalar no interior das percepções “do outro” e se infiltrarem no âmbito social para avultar em escala espacial e temporal a ideia pessoal.
Muitas vezes interrompemos os ciclos de mudança, redirecionando as ideias pessoais. Nossos desejos. Podem ser bons, podem ser ruins, dependendo do fim a que se propõe. Da intenção da mudança. Na evolução da Mudança o altruísmo tem o poder de furar o bloqueio do peso pessoal e, enquanto bem a ser compartilhado por todos está direcionado a um fim, justamente pela força ética de sua proposição.
Quando o desejo, o desejo de realização se torna uma droga “natural” intima? A necessidade de possuir incessantemente mesmo quando o possuir não tem qualquer peso ético e material? Desejar por desejar. A utopia do egoísmo, na tentativa de alcançar algo que não se terá. Afinal, o que é possuir? Possuir é não ter. É ter demais no limite máximo de perder. E se perde muito quando se possui. Um dia, ao acordar e se ver possuidor de muito e despossuído de tudo, possamos entender o escândalo que atinge o nosso Ego. E cegos pelas pilhas e pilhas de posses, a dor do desconforto nos atinge. Desfazer-se disso é possível? Sim. Uma ideia altruísta está ai. Ela não vai apagar o “antes”, mas pode dar um novo rumo ao “depois”.
Então vamos nos apressar. Até porque quando você morrer não vai levar nada daqui. Minto, levaremos sim. Talvez fracasso nas costas, vontades não realizadas, utopias subvertidas.
Na terra dos despossuídos quem tem desejos são muitos, mas quem tem vontades é Rei.
Menina de pano indaga: Deseo? Mire donde mire te veo*.
(Jorge Drexler - Deseo)
(Jorge Drexler - Deseo)
Comentários