A terceira margem do rio (C. Veloso/ M. Nascimento)

Oco de pau que diz:
Eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, tristriz
Risca certeira
Meio a meio o rio ri
Silencioso sério
Nosso pai não diz, diz:
Risca terceira
Água da palavra
Água parada pura
Água da palavra
Água de rosa dura
Proa da palavra
Duro silêncio, nosso pai.
Margem da palavra
Entre as escuras duas
Margens da palavra
Clareira, luz madura
Rosa da palavra
Puro silencio, nosso pai.
Meio a meio o rio ri
Por entre as arvores da vida
O rio riu, ri
Por sob a risca da canoa
O rio viu, ri
O que ninguém jamais olvida
Ouvi ouvi ouvi
A voz das água
Asa da palavra
Asa parada agora
Casa da palavra
Onde o silêncio mora
Brasa da palavra
A hora clara, nosso pai
Hora da palavra
Quando não se diz nada
Fora da palavra
Quando mais dentro aflora
Tora da palavra
Rio, pau enorme, nosso pai.

Menina de pano em plena construção

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