Lesa Majestade


Conversemos. Ano de eleição, certo? Então é um ano quente. Dizem que esse ano, só ano que vem. Isso porque o ano está recheado de preocupações sociais. Eventos importantes. Carnaval, copa do mundo, eleições. E ao ano não pára. Corre como o vento. Hoje é abril, amanhã setembro. Todos de um lado pro outro viajando, nas filas comprando blusas “Brasil” e decidindo pela televisão, outdoor, debates e panfletos o futuro da nação. Fica muito tarde pra fazer outras coisas. Sabe como é né, muitas coisas pra fazer. São 200 reais num casaco de marca com o símbolo do Brasil ali no shopping; Sem tempo pra comprar uma cesta básica pra doar. Fica longe. Não dá mais pra doar dinheiro praquela instituição de preservação ambiental. Fechou o prazo de inscrições para ajudar a ensinar crianças a exercitar a leitura.
O Bom Brasil que acha que não tem cara. Que existe hipoteticamente em cerca de metade da população economicamente ativa. Economicamente eletiva. O bom que é só bom porque o outro faz. Você até que pode fazer. Um dia vai. Um dia. Ahm...um dia. Que mostra a cara. Mas só em revistas e fotos.
É, mas fora isso o Brasil está em crise e o governo não melhora.

A culpa é da sociedade. A culpa é do sistema. A culpa é do presidente. A culpa é do ladrão.

A culpa é sua. Sua.

Ai você num vai preso. Mas ele pode ser culpado. Ele deveria ser preso. Pensando até em pena de morte. Cotas. Cotas pra negros. O Brasil é uma piada. Não, a piada é você. Mas você faz questão de fazer cara de otário e vestir uma camisa escrita “Paz”, “Amor” até mesmo “Hipocrisia” se sentindo o máximo. O maxímo. Hipocrisia que vende e que compra maconha no morro. Que compra itens falsos. Que mente pra conseguir mais. Quem não mente? Mas que compra mentira pra sempre? Quem vive de hipocrisia disfarçada de paz e alegria? Ria da própria desgraça em piadas sem graças. Sente na mesa na hora do jantar e discuta caviar e odiando champanhe. Negando “enlatados” e comendo engradados e engarrados.
Nada de apologias. A coisa é séria.
Sua familia reclama, você reclama. Reclama de tudo. Governo, casa, amigos, namoradas, namorados, estudos, dinheiro. O Governo. Ponto de encontro de boa parte das reclamações. Já é cientificamente provado que os pais só mudam de endereço. Filhos também. E amigos também. O dinheiro é sagrado, assim como não de discute sobre religião, futebol. E o dinheiro sempre vai faltar, mesmo tendo demais. Releve. Reclamar por reclamar é valido. Reclamar pra impor e afirmar é sintomático. Cria avalanches. Dinheiro, governo, casa, ninguém faz nada, esse pais está uma droga, onde vamos parar, e tinha que ser Brasil mesmo. Pronto. Alastrando pelas bocas como gírias da moda. Prontas pra conjugar o verbo.
Eu canso, tu cansas, ele cansa, nós cansamos.
Ou não.
Algumas percepções históricas que circulam pelo meio social, se torna mais claro quando você tem meios pra questionar. E questionando alto dá pra se fazer teses. Essa ultima tese é boa, escuta só. O Brasil sofre de uma espécie de síndrome de Lesa Majestade. Engraçado né. No começo também achei. Vou explicar. Primeiro, vamos ao termo Lesa Majestade. O Lesa Majestade eram crimes de máxima sentença na cortes marciais da Coroa Luso Brasileira. Eram decretados em caso de assassinatos de figurões importantes, atentados contra vida da família Real, roubo de tesouros nacionais e até mesmo em quem não fizesse a reverencia correta em frente ao Rei. A regra era clara. Morte do individuo.As leis decretadas eram bem aceitas pelo povo, até porque quem fosse contra estaria em maus lençóis. O governo, por ser centralizado, depositava toda a sua confiança e esperança no governante, na medida em que ele era o eleito pra promover o crescimento da nação.
Agora transporte isso pra os dias de hoje.
Depositamos todas as nossas fichas em cima do governo. Qualquer problema de ordem cívica, social e até mesmo individual é deixado a cargo do governo pra controlar e resolver. Se a educação está de péssima qualidade, não é porque os cidadões não cobram o governo. É porque o governo não investe. Se isso fosse verdade, as escolas parariam, por exemplo. O negocio é como o dinheiro é usado. O dinheiro é investido sim, mas a finalidade dele fica empatada nos subterfúgios da burocracia. Aliás essa é realmente feita pra que as coisas não funcionem. Que demorem pra funcionar como todos nós sabemos. O grande problema que se estampa na cara do pais, pode ser traduzido talvez por um grande problema de ordem burocrática. E do nosso papel, já sabemos, mas como as instituições, nos tornamos burocráticos. Cobrar, instigar, investigar, investir, analisar a exaustão. Cobrar, cobrar e cobrar. Exigir. Honrar o direito civil do voto. Honrar ao código registrado em nós quando nascemos. Livres e com direitos.
Mas isso, só pra quando tivermos tempo.
Então Lesemos a Majestade e quem mais tiver por perto pra lesar.
A moda é Lesar.
E quem não lesar, será lesado. E quem puder ser lesado será. Até mesmo quem não puder.
Saia da frente para não ser lesado.Lesado.

Menina de pano le le lesada. Mas só um pouquinho.

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